quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Indignação?

Fico sinceramente surpresa e extremamente revoltada com os pseudo-intelectuais! Questiono-me, quem eles pensam que são, para determinar se alguém pode ou não ficar indignado com uma situação pela qual passou? O que mais me revolta é que no dia que eles passarem pelo mesmo, ficarão tão ou mais indignados. Só espero que lembrem de suas críticas e se conformem com o ocorrido. Como diz o ditado: PIMENTA NOS OLHOS DOS OUTROS É REFRESCO!
O artigo desabafo do apresentador Luciano Huck recebeu duras críticas, principalmente dos que condenam a 'elite branca' e, pasmem, fazem parte dela (afinal, Ferréz e Zeca Baleiro são ou não membros dessa 'elite'?), e porque? Porque ele ousou se indignar com a situação da (in)segurança pública brasileira.
Não esqueçam que antes de ser rico e famoso, ele é um CIDADÃO que trabalha bastante, paga seus impostos e suas contas, venceu na vida e tem direito a ter conforto. Ser como ele, não é crime! Será que todos nós não almejamos uma vida mais tranquila e confortável? Quem não, atire a primeira pedra!
Como disse o antropólogo Roberto da Matta, à revista Época, "Foram reações completamente antidemocráticas, como se a elite não pudesse reclamar de nada, como se tivesse de se conformar com qualquer tragédia (...) Qualquer um tem o direito de denunciar uma injustiça de que foi vítima. Só porque ele é rico, não tem direito a nada? Os pobres já não têm direito a nada. Por essa lógica, os ricos também não têm. Então, quem é que tem direito? O espaço que o Huck teve foi conquistado por ele, por seu trabalho. Por que acham que um sem-terra pode arrembentar a porta do Congresso para protestar e um apresentador não pode escrever uma carta? Onde está a democracia nisso?" Eu mesma usei meu blog para reclamar. Claro, não sou rica, nem famosa e por isso não me 'atiraram pedras'...
A minha lógica é (diga-se de passagem, a mesma do Luciano, por isso, eu o apóio): eu trabalho todos os dias, pagos minhas contas e quando vem alguém que me tira algo que é fruto do meu esforço, eu tenho todo o direito de reclamar, afinal, EU SOU A VÍTIMA! Então, porque, para os críticos, Luciano deveria se conformar, deixar passar e até sentir vergonha por ter (e usar) um relógio caro?
Onde o mundo vai parar, quando um CIDADÃO perde seus bens e os outros acham isso natural? Eu penso que não importa se é o Luciano Huck ou a Ana Clarissa, pois ambos são vítimas de criminosos, ambos não mereciam ser assaltados e ambos têm o direito de se indignar e reclamar. Eu não acho natural, nunca vou achar. E se ele tivesse sido morto por causa do relógio? Será que ainda achariam tão natural assim? Será que ainda diriam que ele mereceu, pois deveria se envergonhar de "usar no braço algo que dá pra comprar várias casas na sua quebrada"? Se for para continuar assim, parem o mundo, eu quero descer!!!
Sob a visão desses pseudo-intelectuais, o citado roubo ao apresentador foi um ato de justiça social, o que revela uma grave distorção da realidade. Pior, revela um pensamento preconceituoso de que no Brasil existe 'a elite privilegiada e predadora' e 'os bandidos coitadinhos e vítimas' e que cometer crimes contra a tal 'elite' seria praticar algo correto e justificável, seria uma conduta de justiça social.
Justiça social é, na verdade, igualdade de oportunidades; é entender que quem comete o crime é que é o criminoso. Como disse a antropóloga Alba Zaluar, "Não podemos ter um discurso de tolerância racial e um de intolerância social. No fundo, isso parece inveja". NÃO HÁ JUSTIÇA, QUANDO NÃO HÁ TOLERÂNCIA!

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