sábado, 29 de setembro de 2012

Superou ou faz de conta?


Você tem certeza de que superou o que sentia por alguém quando uma terceira pessoa lhe pergunta por ou sobre ele e você, além de perceber que já não pensava nele há um bom tempo, responde com sinceridade e sem estremecer que nada sabe.
Realmente o tempo é um bom aliado para sarar as feridas, mas não é o suficiente. Temos quer ser pró-ativos: juntar os pedaços, vivenciar a perda, ocupar-se e querer esquecer. No momento oportuno estaremos abertos às novidades, sem esforço, sem correr atrás.
Mas... E quando você faz de conta que superou? Quando você diz aos outros que não tem mais nada a ver, porém não perde uma chance de procurar por notícias (especialmente nesse mundo virtualizado), de encontrar “casualmente”? Aí, minha querida, você estará enganando a si mesma e, pior, estará perpetuando a dor, mantendo-se presa a alguém que não a quer mais.
Entretanto, acredito que quem se engana também conseguirá superar. A diferença entre quem se ilude e quem se cuida é o tempo que leva para seguir adiante e o nível de sofrimento vivenciado. Acho até que é nisso que se fundamenta o ditado que defende que o sofrimento é opcional, pois por decepções todo mundo passa.
Você pode me perguntar “e então, o que vem depois?”. Olha, eu não sei. Acha que existe uma regra ou uma fórmula definida? Pois não existe. Pode ser apenas um período de calmaria ou pode ser um novo relacionamento. Afinal, o que isso importa? Importante mesmo é estar bem, principalmente consigo mesma.
Foque em seu bem estar, eis uma dica do coração!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Não é Não!


Na seção Homens de Segunda, o jornalista e roteirista Marcelo Zorzanelli faz um apelo às mulheres (e, de quebra, dá um bom conselho aos homens).
A maior crueldade que uma mulher pode fazer com um homem é deixar de empregar corretamente a palavra “não”. Esta palavra, tão pequena, tão nítida, existe para que não haja mal entendidos no mundo. E é aí que mora a crueldade: deixar de usá-la, ou usá-la e depois voltar atrás.
Li alguma vez, e procuro este artigo novamente há bastante tempo sem sucesso, que a melhor coisa que uma mulher vítima de um amor não requisitado pode fazer por um homem, a coisa mais compassiva e humana, é dizer não com a economia informativa de um médico que afirma, à família, que seu parente parou de respirar. O homem apaixonado não vai desistir. Estimo que metade do que o ser humano fez, na História, não teria acontecido caso algumas mulheres fossem menos fatais e cortassem, abruptamente, as migalhas de esperança que atiram nos pobres apaixonados. Um homem obcecado pela ideia de possuir uma mulher que não lhe quer é capaz de aprender a cozinhar, levar toda a mudança da “vamp” nas costas, construir pontes e castelos, declarar guerra a impérios e talvez até cortar as unhas do pé com mais frequência.
Muito se fala hoje da tal “friend zone”. Eu estive metido numa situação assim há algum tempo – digo, em mais uma dessas situações. As migalhas de atenção eram por mim digeridas com afã, depois racionadas pelos dias, contadas, admiradas, como se fossem pérolas. Os amigos, ah!, os amigos, liam e reliam as parcas trocas de mensagens, e eu os fazia as perguntas mais esdrúxulas, na esperança de finalmente entender de que lado da “friend zone” eu me encontrava. O que eles me diziam, e o que era nítido, é que eu estava do lado dos amigos. Mas eu não ouvia. Até ouvia. Mas aí vinha um comentário num post, um like no instagram, uma nova migalha. Há a lenda de que Dante escreveu toda sua obra em homenagem a uma moça que viu apenas duas vezes na vida, a fidalga Beatrice Portinari.
Nesse tempo, eu li bastante sobre o que fazer no caso de um amor não correspondido. Um manual da Renascença apontava que devemos “evitar os poetas românticos”. (Outras dicas: evitar o álcool, isolar-se na natureza e viajar. Lembrei agora: estes conselhos estão no poema Remedia Amoris, de Ovídeo) Sim, sim. O poeta romântico contemporâneo com quem melhor me relaciono se chama Roberto Carlos. Ouvi-lo durante este período era como, como disse mesmo Camões?, era um sintoma do “querer estar preso por vontade” (o verso é citado de memória, posso estar sambando sobre o túmulo do autor de Os Lusíadas). Ouvir o Rei Roberto fazia mal. Mas não dava para parar. “Entre nós dois tinha que haver mais sentimento”, ele dizia e eu concordava, rodando uma pedra de gelo no copo de perfil baixo, já sem uísque.
A namorada de um amigo foi a mais patente ao afirmar que eu estava sendo “stringed along”. Ela é americana, e a expressão quer dizer que ela me tinha numa coleira, que me mantinha a uma distância segura, mas também não me deixava ir embora. O não não vinha. Digo, veio. Mas não durou. Depois do não, vieram algumas migalhas. E eu as aparava de mãos postas, como se rezasse.
Uma vez entrevistei o psicólogo-pop Contardo Calligaris. Ele me disse que os cortes precisam ser secos. Que via todo tipo de vantagem no término de um relacionamento feito por via de um SMS. Nada mais elucidativo que um pé na bunda conciso, interiço, bem aplicado. É bom para todo mundo.
Por isso falo em crueldade. Pode ser falta de experiência, insegurança, imaturidade. Mas então cresçam, vos conclamo. Digam não. Parem com esta coisa de deixar o cara por ali. Vocês sabem muito bem que não irão para a cama com ele novamente. Que não querem nada com ele. Não se imaginam de mãos dadas com ele. Por favor, sejam dignas e larguem a correia da coleira. Expulsem o cara a pontapés. Chega de viver a fantasia vaidosa de ter todos os elogios do mundo na boca de um escravo adestrado a qualquer momento. Cresçam. Mandem o cara para o espaço. Se você joga migalhas para caras apaixonados por você, eu só posso desejar uma coisa: que você se meta numa encalacração semelhante, e que o cara seja cruel. Passar bem.

Leia aqui outro texto do autor.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A obsessão pelo melhor

Leila Ferreira

Estamos obcecados com “o melhor”.
Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do “melhor”.
Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.
Bom não basta.
O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com “o melhor”.
Isso até que outro “melhor” apareça e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer.
Novas marcas surgem a todo instante.
Novas possibilidades também.
E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego.
Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter.
Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos.
Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários.
Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis.
Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos.
Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente.
Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência?
Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa?
E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto?
O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o “melhor chef”?
Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro?
O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo “melhor cabeleireiro”?
Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixados ansiosos e nos impedido de desfrutar o “bom” que já temos.
A casa que é pequena, mas nos acolhe.
O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria.
A TV que está velha, mas nunca deu defeito.
O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens “perfeitos'.
As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo...
O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem.
O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.
Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso?
Ou será que isso já é o melhor e na busca do “melhor” a gente nem percebeu?

“Sofremos demais pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos.”
Shakespeare

A polêmica da calcinha bege


Cada vez que tento entender o porquê desse medo imenso que as pessoas têm da calcinha bege fico ainda mais confusa. Para mim, o mundo se divide em pessoas que gostam de sexo e pessoas que não gostam; é claro que há várias subcategorias nessa divisão, mas é basicamente isso.
No grupo das pessoas que gostam de sexo, nada as impede de chegar ao objetivo. Não tem essa coisa de "ah, essa calcinha acaba comigo", "sem depilação não tem sexo" ou "essa pessoa tem estria demais para que eu possa ter tesão". Quem gosta de sexo entende que o corpo, a calcinha, a depilação e todos esses detalhes não mudam nada na "hora h". Sexo bom não tem ligação com isso.
Já no grupo das pessoas que não gostam de sexo tudo vira motivo para adiar o momento. A calcinha, a estria, a depilação, a celulite, o dia da semana, o calor forte demais, o frio pegando pesado, o fim de semana chegando e até a hora do dia, afinal, sexo só pode ser feito das 23h às 2h. E aí tudo o que se pode imaginar vira uma desculpinha esfarrapada.
Vale lembrar que ninguém tem que ter vontade de fazer sexo sempre, mas é bom notar se você não tem vontade, se não gosta ou se o parceiro não inspira essa vontade para não se tornar uma das pessoas que usa qualquer coisa como motivo para fugir da raia. Ser sincera com você mesma é o caminho mais curto para a felicidade.
E a pobre calcinha bege entrou nesse meio e muita gente começou a achar que ela é a culpada por não rolar sexo. Vou contar um segredo: ela não tem nada com isso!
Quando você sente tesão por uma pessoa, não importa a cor dela, da calcinha, do cabelo ou dos pelos. Você sente tesão e pronto. Você vê através de todas essas coisas, é muito mais uma sensação do que algo concreto. Homens com tesão querem tirar sua roupa e não participar do "Esquadrão da Moda" versão lingerie.
É claro que você deve usar e abusar das calcinhas sensuais — se isso fizer seu estilo. Você também pode optar por calcinhas de algodão, grandes e com desenhos divertidos. Pode, também, escolher não usar calcinha, usar cueca, quem sabe... Você pode optar pelo que tiver vontade, e isso não vai mudar a sua vida sexual — se mudar é porque a pessoa que você escolheu para curtir esse momento não tem tanto tesão assim em você.
A questão maior é: você consegue se sentir sexy de calcinha bege? Ela é daquelas grandes, que segura a barriguinha no lugar e a deixa 15 vezes mais confiante? Use-a! Se na hora do sexo você ficar morrendo de vergonha, quando forem tirar sua calça, faça o tipo exibido, levante-se e tire você mesma. É aí que você vai poder tirar calça e calcinha de uma vez só e ninguém vai notar que ela estava ali.
Se você não tiver nenhum problema com sua linda e mágica calcinha bege, assuma-a! Ela pode virar uma brincadeira entre o casal, pode se tornar algo sexy ou o que você tiver imaginação para que ela seja. Divirta-se com o tabu da calcinha bege e mostre que você e sua sensualidade estão muito além dessas coisas.
Para o sexo ser bom a gente precisa se sentir confiante antes, durante e depois, então só você pode dizer se essa polêmica faz sentido na sua vida.
E se a pessoa escolhida para o momento de diversão reclamar da calcinha bege, diga em alto e bom som que o que interessa está sob ela.