sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Ao meu amado


Há muito tempo que quero te escrever esta carta. Por favor, não penses que é uma carta de amor, é apenas uma carta... Não sei se você irá lê-la algum dia, porém, eu a escrevo na esperança que sim, afinal, já se passou tempo demais e é hora de deixar os sentimentos fluírem.
Meu amado, psiu, é você mesmo, sei que não preciso nomeá-lo, pois tu sabes bem que escrevo direcionado a ti. Quero te pedir perdão por todas as palavras impensadamente pronunciadas no calor da emoção, mas, principalmente, quero te pedir perdão por ter permanecido inerte durante esse longo período, vivendo em um quase estado de hibernação.
Perdoe-me, pois minha letargia tem nome certo e é MEDO! Medo de ser rejeitada; medo de não mais ocupar um lugar especial em sua vida; e, principalmente, medo de ter sido substituída ou pior, esquecida.
Tu não fazes idéia de quantas vezes ensaiei procurá-lo e dizer o quanto o amo e o quanto ainda és importante para mim. Foram tantos argumentos desperdiçados e tudo por causa do receio de enfrentar a vida e suas conseqüências de cabeça erguida e coração aberto.
Ah, como é difícil fazer o caminho de volta e enfrentar meus medos. Agora, sei que este é um caminho sem volta e que devo percorrê-lo até o fim. Como bem escreveu o grande Fernando Pessoa, “pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...”, pois ser feliz depende de acreditar na vida, apesar dos desafios e dos períodos de crise.
Antes que venhas me questionar a cerca dos que cruzaram meu caminho nesse período, eu te digo que nenhum deles conseguiu despertar tão bons sentimentos, quanto seu sorriso tranqüilo, seu olhar carinhoso, seu abraço reconfortante e suas palavras de otimismo.
Minha busca por outra pessoa mostrou-se tola, inócua e sem sentido. Afinal, como poderia encontrar sentido em outro lugar, se você é todo o sentido de minha vida?
Vinha me perguntando insistentemente o porque da vida ter feito isso conosco, até que um dia, despertei, como quem acorda de um longo coma, e me dei conta que a responsabilidade não é da vida, mas de mim mesma (ou talvez de nós dois).
Não se preocupe, eu não espero que você, ao ler esta carta, me procure e diga que ainda me ama, que me quer e que não vive mais um minuto sem mim. Só espero que me perdoe por tê-lo privado, por tanto tempo, de saber de tudo isso.
O amor verdadeiro é assim, ele se dá sem exigir nada em troca, ele se contenta em saber que a pessoa amada é feliz, mesmo que seja ao lado de outra pessoa. Mas como não sou perfeita, gostaria de ter algo em troca, gostaria que você fosse o meu mais sincero amigo, pois a amizade também é uma espécie de amor, um amor desinteressado e que nunca se acaba.
Meu amado, finalizo estas breves linhas com um “até mais”.
Com carinho,
Da sempre sua,
...

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