quinta-feira, 22 de novembro de 2012

#devaneios


Eu olho para minha vida como ela é agora. Então, olho para minha vida como era antes.
Para uns, as mudanças são imperceptíveis, para mim, profundas.
Não são apenas palavras, não agora. Agora é de verdade, tenho a certeza de que foi melhor assim, as diferenças são gritantes.
Posso dizer aos outros que consegui arrancar do peito o sentimento, com voz e olhar impassíveis, e os outros irão acreditar, mas eu estarei mentindo. Não consegui, é mais forte do que eu, receio que nunca conseguirei.
Assim, à distância, consigo conviver e seguir em frente. Simples? Nem um pouco! Contudo, necessário. Chega de drama, eu estou vivendo.

Seja uma mulher bem resolvida


(Autor desconhecido)
Regras Básicas

Se ele se interessou, ele liga! É isso mesmo. Quando o cara quer, não tem projeto importante, morte de parente, semana atribulada ou trânsito maluco que o impeça de procurá-la.
Passou uma semana sem ter notícias dele? Esqueça, filha, e que venha o próximo!
Ligar para saber se está tudo bem? Nem pensar! Homem perdido merece ser encontrado morto no apartamento e pelo zelador do prédio, porque os vizinhos não aguentam mais o fedor de carniça.
Vocês saíram e ele não ligou mais? Foi por que você cedeu? Por que não cedeu? Na verdade, pouco importa! Se vocês estavam a fim de sexo e rolou, ótimo! Sexo é como pizza: bom-até-quando-é-ruim. E se você não cedeu, ele provavelmente não procurou mais porque achou que ia dar muito trabalho. Pare de se atormentar!!!
Aos homens comprometidos SEMPRE DIGA NÃO!!! Ele diz que a relação está em crise? Péééssima desculpa!!! Fala que só falta oficializar o fim? Humm, sei, vamos fingir que acreditamos... Numa boa? Se ele quer continuar infeliz, dane-se, é problema exclusivamente dele! Quando (e depois de) ele terminar mesmo, procura você, combinado?
Ouviu aquela clássica: “Você é boa demais pra mim”? Acredite, amiga: é verdade!!! Portanto, descarte o cidadão e pare de bancar a Madre Tereza de Calcutá! Você não precisa fazer caridade a toda criatura que aparece na sua frente.
Não tente!! Não dá pra namorar um cara pelo qual você não tem o mínimo de admiração.
Rolou traição??? Só continue com um cara que chifrou você se segurar a onda de ser traída novamente. Olho vivo se ele já foi infiel com outras. Sempre achamos que conosco vai ser diferente. Esqueça, nunca é!!!
E atenção! A fila anda!!! Pior do que nunca achar o homem certo, é viver para sempre com o homem errado.

--> Conheço mulheres que precisam pintar isso na parede do quarto e começar a praticar!

...


“Existem duas soluções para tudo nessa vida: o tempo e o foda-se”.

LISTA DE PRETENSÕES DA MULHER


(desconheço o Autor)
Lista original
Eu quero um homem que...
...seja lindo, encantador, bom ouvinte, divertido e sarado, esteja financeiramente estável, vista-se bem, aprecie coisas finas e belas, faça surpresas agradáveis, seja um amante criativo e romântico.

Lista revisada aos 32 anos
Eu quero um homem que...
...seja bonitinho, abra a porta do carro, tenha dinheiro suficiente para jantar fora com certa frequência, ouça mais do que fale, ria das minhas piadas, carregue as sacolas do mercado sem reclamar, tenha no mínimo uma gravata, lembre de aniversários e datas especiais, procure romance pelo menos uma vez por semana.

Lista revisada aos 42 anos
Eu quero um homem que...
...não seja muito feio, espere eu me sentar no carro antes de começar a acelerar, tenha um emprego fixo, balance a cabeça enquanto eu falo, esteja em forma ao menos para mudar a mobília de lugar, use camisetas que cubram a barriga, não compre cidra achando que é champagne, lembre de abaixar a tampa da privada (já tá bom, né? esquece o romance).

Lista revisada aos 52 anos
Eu quero um homem que...
...corte os pelos do nariz e das orelhas, não coce o saco nem cuspa em público, não tenha que sustentar irmãos ou filhos do 1º casamento, não balance a cabeça até dormir enquanto estou reclamando, não conte a mesma piada o tempo todo.

Lista revisada aos 62 anos
Eu quero um homem que...
...não assuste crianças pequenas, ronque baixinho quando dorme, esteja em forma suficiente para ficar de pé sozinho, use cueca e meias limpas sempre.

Lista revisada aos 72 anos
Eu quero um homem que...
...respire, lembre onde deixou os dentes.

Lista revisada aos 82/92 anos
Eu quero um homem que...
...o que é um homem, mesmo??? Deus que me livre disso!!! (kkkkkkkkkkk)

É quase isso! [risos]

sábado, 29 de setembro de 2012

Superou ou faz de conta?


Você tem certeza de que superou o que sentia por alguém quando uma terceira pessoa lhe pergunta por ou sobre ele e você, além de perceber que já não pensava nele há um bom tempo, responde com sinceridade e sem estremecer que nada sabe.
Realmente o tempo é um bom aliado para sarar as feridas, mas não é o suficiente. Temos quer ser pró-ativos: juntar os pedaços, vivenciar a perda, ocupar-se e querer esquecer. No momento oportuno estaremos abertos às novidades, sem esforço, sem correr atrás.
Mas... E quando você faz de conta que superou? Quando você diz aos outros que não tem mais nada a ver, porém não perde uma chance de procurar por notícias (especialmente nesse mundo virtualizado), de encontrar “casualmente”? Aí, minha querida, você estará enganando a si mesma e, pior, estará perpetuando a dor, mantendo-se presa a alguém que não a quer mais.
Entretanto, acredito que quem se engana também conseguirá superar. A diferença entre quem se ilude e quem se cuida é o tempo que leva para seguir adiante e o nível de sofrimento vivenciado. Acho até que é nisso que se fundamenta o ditado que defende que o sofrimento é opcional, pois por decepções todo mundo passa.
Você pode me perguntar “e então, o que vem depois?”. Olha, eu não sei. Acha que existe uma regra ou uma fórmula definida? Pois não existe. Pode ser apenas um período de calmaria ou pode ser um novo relacionamento. Afinal, o que isso importa? Importante mesmo é estar bem, principalmente consigo mesma.
Foque em seu bem estar, eis uma dica do coração!

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Não é Não!


Na seção Homens de Segunda, o jornalista e roteirista Marcelo Zorzanelli faz um apelo às mulheres (e, de quebra, dá um bom conselho aos homens).
A maior crueldade que uma mulher pode fazer com um homem é deixar de empregar corretamente a palavra “não”. Esta palavra, tão pequena, tão nítida, existe para que não haja mal entendidos no mundo. E é aí que mora a crueldade: deixar de usá-la, ou usá-la e depois voltar atrás.
Li alguma vez, e procuro este artigo novamente há bastante tempo sem sucesso, que a melhor coisa que uma mulher vítima de um amor não requisitado pode fazer por um homem, a coisa mais compassiva e humana, é dizer não com a economia informativa de um médico que afirma, à família, que seu parente parou de respirar. O homem apaixonado não vai desistir. Estimo que metade do que o ser humano fez, na História, não teria acontecido caso algumas mulheres fossem menos fatais e cortassem, abruptamente, as migalhas de esperança que atiram nos pobres apaixonados. Um homem obcecado pela ideia de possuir uma mulher que não lhe quer é capaz de aprender a cozinhar, levar toda a mudança da “vamp” nas costas, construir pontes e castelos, declarar guerra a impérios e talvez até cortar as unhas do pé com mais frequência.
Muito se fala hoje da tal “friend zone”. Eu estive metido numa situação assim há algum tempo – digo, em mais uma dessas situações. As migalhas de atenção eram por mim digeridas com afã, depois racionadas pelos dias, contadas, admiradas, como se fossem pérolas. Os amigos, ah!, os amigos, liam e reliam as parcas trocas de mensagens, e eu os fazia as perguntas mais esdrúxulas, na esperança de finalmente entender de que lado da “friend zone” eu me encontrava. O que eles me diziam, e o que era nítido, é que eu estava do lado dos amigos. Mas eu não ouvia. Até ouvia. Mas aí vinha um comentário num post, um like no instagram, uma nova migalha. Há a lenda de que Dante escreveu toda sua obra em homenagem a uma moça que viu apenas duas vezes na vida, a fidalga Beatrice Portinari.
Nesse tempo, eu li bastante sobre o que fazer no caso de um amor não correspondido. Um manual da Renascença apontava que devemos “evitar os poetas românticos”. (Outras dicas: evitar o álcool, isolar-se na natureza e viajar. Lembrei agora: estes conselhos estão no poema Remedia Amoris, de Ovídeo) Sim, sim. O poeta romântico contemporâneo com quem melhor me relaciono se chama Roberto Carlos. Ouvi-lo durante este período era como, como disse mesmo Camões?, era um sintoma do “querer estar preso por vontade” (o verso é citado de memória, posso estar sambando sobre o túmulo do autor de Os Lusíadas). Ouvir o Rei Roberto fazia mal. Mas não dava para parar. “Entre nós dois tinha que haver mais sentimento”, ele dizia e eu concordava, rodando uma pedra de gelo no copo de perfil baixo, já sem uísque.
A namorada de um amigo foi a mais patente ao afirmar que eu estava sendo “stringed along”. Ela é americana, e a expressão quer dizer que ela me tinha numa coleira, que me mantinha a uma distância segura, mas também não me deixava ir embora. O não não vinha. Digo, veio. Mas não durou. Depois do não, vieram algumas migalhas. E eu as aparava de mãos postas, como se rezasse.
Uma vez entrevistei o psicólogo-pop Contardo Calligaris. Ele me disse que os cortes precisam ser secos. Que via todo tipo de vantagem no término de um relacionamento feito por via de um SMS. Nada mais elucidativo que um pé na bunda conciso, interiço, bem aplicado. É bom para todo mundo.
Por isso falo em crueldade. Pode ser falta de experiência, insegurança, imaturidade. Mas então cresçam, vos conclamo. Digam não. Parem com esta coisa de deixar o cara por ali. Vocês sabem muito bem que não irão para a cama com ele novamente. Que não querem nada com ele. Não se imaginam de mãos dadas com ele. Por favor, sejam dignas e larguem a correia da coleira. Expulsem o cara a pontapés. Chega de viver a fantasia vaidosa de ter todos os elogios do mundo na boca de um escravo adestrado a qualquer momento. Cresçam. Mandem o cara para o espaço. Se você joga migalhas para caras apaixonados por você, eu só posso desejar uma coisa: que você se meta numa encalacração semelhante, e que o cara seja cruel. Passar bem.

Leia aqui outro texto do autor.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A obsessão pelo melhor

Leila Ferreira

Estamos obcecados com “o melhor”.
Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do “melhor”.
Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho.
Bom não basta.
O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com “o melhor”.
Isso até que outro “melhor” apareça e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer.
Novas marcas surgem a todo instante.
Novas possibilidades também.
E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.
O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego.
Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter.
Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos.
Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários.
Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis.
Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos.
Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente.
Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência?
Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa?
E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto?
O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o “melhor chef”?
Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro?
O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo “melhor cabeleireiro”?
Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixados ansiosos e nos impedido de desfrutar o “bom” que já temos.
A casa que é pequena, mas nos acolhe.
O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria.
A TV que está velha, mas nunca deu defeito.
O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens “perfeitos'.
As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar a chance de estar perto de quem amo...
O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem.
O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer.
Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso?
Ou será que isso já é o melhor e na busca do “melhor” a gente nem percebeu?

“Sofremos demais pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos.”
Shakespeare

A polêmica da calcinha bege


Cada vez que tento entender o porquê desse medo imenso que as pessoas têm da calcinha bege fico ainda mais confusa. Para mim, o mundo se divide em pessoas que gostam de sexo e pessoas que não gostam; é claro que há várias subcategorias nessa divisão, mas é basicamente isso.
No grupo das pessoas que gostam de sexo, nada as impede de chegar ao objetivo. Não tem essa coisa de "ah, essa calcinha acaba comigo", "sem depilação não tem sexo" ou "essa pessoa tem estria demais para que eu possa ter tesão". Quem gosta de sexo entende que o corpo, a calcinha, a depilação e todos esses detalhes não mudam nada na "hora h". Sexo bom não tem ligação com isso.
Já no grupo das pessoas que não gostam de sexo tudo vira motivo para adiar o momento. A calcinha, a estria, a depilação, a celulite, o dia da semana, o calor forte demais, o frio pegando pesado, o fim de semana chegando e até a hora do dia, afinal, sexo só pode ser feito das 23h às 2h. E aí tudo o que se pode imaginar vira uma desculpinha esfarrapada.
Vale lembrar que ninguém tem que ter vontade de fazer sexo sempre, mas é bom notar se você não tem vontade, se não gosta ou se o parceiro não inspira essa vontade para não se tornar uma das pessoas que usa qualquer coisa como motivo para fugir da raia. Ser sincera com você mesma é o caminho mais curto para a felicidade.
E a pobre calcinha bege entrou nesse meio e muita gente começou a achar que ela é a culpada por não rolar sexo. Vou contar um segredo: ela não tem nada com isso!
Quando você sente tesão por uma pessoa, não importa a cor dela, da calcinha, do cabelo ou dos pelos. Você sente tesão e pronto. Você vê através de todas essas coisas, é muito mais uma sensação do que algo concreto. Homens com tesão querem tirar sua roupa e não participar do "Esquadrão da Moda" versão lingerie.
É claro que você deve usar e abusar das calcinhas sensuais — se isso fizer seu estilo. Você também pode optar por calcinhas de algodão, grandes e com desenhos divertidos. Pode, também, escolher não usar calcinha, usar cueca, quem sabe... Você pode optar pelo que tiver vontade, e isso não vai mudar a sua vida sexual — se mudar é porque a pessoa que você escolheu para curtir esse momento não tem tanto tesão assim em você.
A questão maior é: você consegue se sentir sexy de calcinha bege? Ela é daquelas grandes, que segura a barriguinha no lugar e a deixa 15 vezes mais confiante? Use-a! Se na hora do sexo você ficar morrendo de vergonha, quando forem tirar sua calça, faça o tipo exibido, levante-se e tire você mesma. É aí que você vai poder tirar calça e calcinha de uma vez só e ninguém vai notar que ela estava ali.
Se você não tiver nenhum problema com sua linda e mágica calcinha bege, assuma-a! Ela pode virar uma brincadeira entre o casal, pode se tornar algo sexy ou o que você tiver imaginação para que ela seja. Divirta-se com o tabu da calcinha bege e mostre que você e sua sensualidade estão muito além dessas coisas.
Para o sexo ser bom a gente precisa se sentir confiante antes, durante e depois, então só você pode dizer se essa polêmica faz sentido na sua vida.
E se a pessoa escolhida para o momento de diversão reclamar da calcinha bege, diga em alto e bom som que o que interessa está sob ela.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Free or not free



"Menina, você blindou seu coração. Não deixa ninguém se aproximar por medo de se machucar. Assim você também afasta quem quer lhe dar amor."
Será?

terça-feira, 3 de julho de 2012

A diferença que faz uma estação




(Autoria desconhecida)

Um homem tinha quatro filhos. Ele queria que seus filhos aprendessem a não julgar as coisas de modo apressado, por isso, mandou cada um em uma viagem para que observassem uma pereira que estava plantada em um local distante.
O primeiro filho foi até lá no inverno, o segundo na primavera, o terceiro no verão e o quarto, e mais jovem, no outono. Quando todos retornaram, o homem reuniu seus filhos para que cada um descrevesse o que tinha observado.
O primeiro filho disse que a árvore era feia, torta e retorcida. O segundo discordou, pois vira uma árvore recoberta de botões verdes e cheia de promessas. O terceiro filho disse que ambos estavam errados, a árvore estava coberta de flores, que tinham um cheiro tão doce e eram tão bonitas, que ele se arriscaria a dizer que eram a coisa mais graciosa que jamais tinha visto. O último filho discordou de todos seus irmãos, a árvore que vira estava carregada e arqueada, cheia de frutas, vida e promessas.
O homem então explicou a seus filhos que todos estavam certos, porque haviam visto apenas uma estação da vida da árvore e concluiu:
- Não se pode julgar uma árvore, ou uma pessoa, por apenas uma estação, a essência de quem eles são, o prazer, a alegria e o amor que vêm de sua vida podem apenas ser medidos ao final, quando o ciclo de todas as estações estiver completo. Se desistirmos quando for inverno, perderemos a promessa da primavera, a beleza do verão e a expectativa do outono.

Não permita que a dor de uma estação destrua a alegria de todas as outras. Não julgue a vida apenas por uma estação difícil. Persevere através dos caminhos difíceis e melhores tempos certamente virão, de uma hora para outra.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

MÃE (DESNECESSÁRIA)


Singela homenagem ao dia de ontem.



Por Marcia Neder

A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo.
Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou
estranha.
Até agora.
Agora, quando minha filha de quase 18 anos começa a dar vôos-solo.
Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos.
Uma batalha hercúlea, confesso.
Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara.
Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.
Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes.
Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também.
A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical.
A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho.
Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não para de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo.
O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.
Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres.
Esse é o maior desafio e a principal missão.
Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.

“Dê a quem você ama :
- Asas para voar...
- Raízes para voltar...
- Motivos para ficar...”
Como disse o poeta: não aprisiones ninguém, dê a liberdade, dê as asas, se mereceres que a pessoa volte, ela com suas próprias asas voltará.

A flor da honestidade!



Conta-se que por volta do ano 250 a.c, na China antiga, um príncipe da região norte do país, estava às vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar. Sabendo disso, ele resolveu fazer uma “disputa” entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua proposta. No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.
Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe. Ao chegar em casa e relatar o fato à jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração, e indagou incrédula:
- Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta ideia insensata da cabeça, eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura.
E a filha respondeu:
- Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca, eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, isto já me torna feliz.
À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas joias e com as mais determinadas intenções. Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio:
- Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China.
A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de “cultivar” algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos etc... O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura a sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão de seu amor, ela não precisava se preocupar com o resultado.
Passaram-se três meses e nada surgiu. A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido. Dia após dia ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor. Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado.
Consciente do seu esforço e dedicação a moça comunicou a sua mãe que, independente das circunstâncias retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe.
Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores. Ela estava admirada, nunca havia presenciado tão bela cena.
Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção. Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa. As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado. Então, calmamente o príncipe esclareceu:
- Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz. A flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis.

A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor. Que esta nos sirva de lição e independente de tudo e todas as situações vergonhosas que nos rodeiam, possamos ser luz para aqueles que nos cercam.

Desconheço o Autor.

O valioso tempo dos maduros


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturas.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. "As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos".
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade…
Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

Mário Coelho Pinto de Andrad (1928/1990), poeta, ensaísta e escritor angolano.

O que é viver bem?




Um repórter perguntou à Cora Coralina: “O que é viver bem?”

Ela disse-lhe: “Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo para você, não pense.
Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso. Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia. Também não diga para você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais. Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima. Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence o outro. Então silêncio! Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não. Você acha que eu sou? Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser. Filha dessa abençoada terra de Goiás. Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos. Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo. Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes. O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade. Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.”

“Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.”

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Meu lado mulher




Por Frei Betto

Meu lado mulher incomoda-se de receber homenagens num dia do ano – 8 de março, enquanto meu lado homem se farta com 364 dias. Talvez se faça necessária esta efeméride, dor recente de uma cicatriz antiga. Porque vive-se numa sociedade machista: Matrimônio – o cuidado do lar; patrimônio – o domínio dos bens.
O marido possui a casa, o carro e a mulher, que incorpora ao nome o da família dele. A casa, ele exige que se limpe todo dia. O carro, envia à oficina ao menor defeito. À mulher, ser multifacetado, cabe o dever de cuidar da casa, dos filhos, das compras e do bom humor do marido, que nem sempre se lembra de cuidar dela. Meu lado mulher nunca viu o marido gritar com o carro, ameaçá-lo ou agredi-lo.
Nem sempre, entretanto, ela é tratada com tanto respeito. Na igreja católica, os homens têm acesso aos sete sacramentos. Podem até ser ordenados padres e, mais tarde, obter dispensa do ministério e contrair matrimônio.
As mulheres, consideradas pela teologia vaticana um ser naturalmente inferior, só têm acesso a seis sacramentos. Não podem receber a ordenação sacerdotal, embora tenham merecido de Jesus o útero que o gerou; o seguimento de Joana, de Susana e da mãe dos filhos de Zebedeu; a defesa da mulher adúltera; o perdão à samaritana; a amizade de Madalena, primeira testemunha de sua ressurreição.
Meu lado mulher tem pavor da violência doméstica; do pai que assedia a filha, jogando-a nas garras da prostituição; do patrão que exige préstimos sexuais da funcionária; do marido que ergue a mão para profanar o ser que deu à luz seus filhos.
Diante da TV ou de uma banca de revistas, meu lado mulher estremece: ‘Cala a boca, Magda!’ Ela é a burra, a imbecil que rebola no fundo do palco, mergulha na banheira do Gugu, expõe-se na casa do brother, associa-se à publicidade de cervejas e carros, como um adereço a mais de consumo.
Meu lado mulher tenta resistir ao implacável jogo da desconstrução do feminino: tortura do corpo em academias de ginástica; anorexia para manter-se esbelta; vergonha das gorduras, das rugas e da velhice; entrega ao bisturi que amolda a carne segundo o gosto da clientela do açougue virtual; o silicone a estufar protuberâncias. E manter a boca fechada, até que haja no mercado um chip transmissor automático de cultura e inteligência, a ser enxertado no cérebro. E engolir antidepressivos para tentar encobrir o buraco no espírito, vazio de sentido, ideais e utopia.
Meu lado mulher esforça-se por livrar-se do modelo emancipatório que adota, como paradigma, meu lado homem. Serei ela se ousar não querer ser como ele. Sereia em mares nunca dantes navegados, rumo ao continente feminino, onde as relações de gênero serão de alteridade, porque o diferente não se fará divergente. Aquilo que é, só alcançará plenitude em interação com o seu contrário. Como ocorre em todo verdadeiro amor.

Milho de pipoca


Uma bela analogia que vale a pena conferir.


Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo.
Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor.
Pode ser fogo de fora: perder um amor, um filho, o pai, a mãe, o emprego ou ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação também.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si.
Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM!
E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado. Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.
A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém.

Rubem Alves
Extraído do livro: O amor que acende a lua

terça-feira, 13 de março de 2012

Viver...



Por Luís Fernando Veríssimo

Acho a maior graça.
Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas não exagere.
Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.
Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde.
Prazer faz muito bem.
Dormir me deixa 0km.
Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha.
Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco anos.
Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de ideias.
Brigar me provoca arritmia cardíaca.
Ver pessoas tendo acessos de estupidez me embrulha o estômago.
Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano.
E telejornais... Os médicos deveriam proibir – como doem!
Caminhar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo faz muito bem; você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.
Acordar de manhã arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é prejudicial à saúde.
E passar o resto do dia sem coragem para pedir desculpas pior ainda.
Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mussarela que previna.
Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau! Cinema é melhor pra saúde do que pipoca.
Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é melhor do que nada.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Ser ou não ser de ninguém



Por Arnaldo Jabor

Na hora de cantar, todo mundo enche o peito nas boates e gandaias, levanta os braços, sorri e dispara: “...eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também...”
No entanto, passado o efeito da manguaça com energético, e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração tribalista se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo e reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.
A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Evidente que sim. Mas por que reclamam depois?
Será que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, de que toda ação tem uma reação? Agir como tribalista tem consequências, boas e ruins, como tudo na vida.
Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja, é preciso comer o bolo todo e, nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.
Embora já saibam namorar, os tribalistas não namoram. "Ficar" também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é “namorix”. A pessoa pode ter um, dois e até três namorix ao mesmo tempo. Dificilmente está apaixonada por seus namorix, mas gosta da companhia do outro e de manter a ilusão de que não está sozinho. Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada.
Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu, afinal, não estão namorando. Aliás, quando foi que se estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança? A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim, como só deseja a cereja do bolo tribal, enxerga somente o lado negativo das relações mais sólidas. Desconhece a delícia de assistir a um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando os pés sob as cobertas, e a troca de cumplicidade, carinho e amor.
Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer boa noite, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter alguém para amar.
Já dizia o poeta que amar se aprende amando. Assim, podemos aprender a amar nos relacionando. Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para optarmos.
E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da tão sonhada felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins. Ser de todo mundo, não ser de ninguém, é o mesmo que não ter ninguém também... É não ser livre para trocar e crescer... É estar fadado ao fracasso emocional e à tão temida solidão... Seres humanos são anjos de uma asa só, para voar têm que se unir ao outro.