terça-feira, 2 de julho de 2013

As sem-razões do amor

 
Carlos Drummond de Andrade

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
 
-> Quem disse que todas as cartas de amor são bregas podia até estar certo, mas quem não gosta de ser brega por um bom motivo que atire a 1ª pedra!

Soneto de Fidelidade


Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Poema



Interpretada por Ney Matogrosso. Realmente é um poema. De amor, de sentimentos, de sinceridades. Tocante!

Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo

Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim,
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás

Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo

Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás

Amor só, não basta - Artur da Távola



Aos que não casaram, aos que vão casar,
Aos que acabaram de casar, aos que pensam em se separar,
Aos que acabaram de se separar, aos que pensam em voltar…

Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja.
O amor é único,
Como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus.

A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue,
A sedução tem que ser ininterrupta…

Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança, acabamos por sepultar uma relação que poderia
Ser eterna

Casaram. Te amo pra lá, te amo pra cá. Lindo, mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas.
Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes, nem necessita de um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada,
Respeito.
Agressões zero.

Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência… Amor só, não basta. Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura, para acatar regras que não foram previamente combinadas.
Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades.
Tem que saber levar.

Amar só é pouco.
Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas para pagar.
Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar.
Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar.

Entre casais que se unem , visando à longevidade do matrimônio, tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo pra cada um.
Tem que haver confiança. Certa camaradagem, às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão.
E que amar “solamente”, não basta.

Entre homens e mulheres que acham que
O amor é só poesia,
tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado.

O amor é grande, mas não são dois.
Tem que saber se aquele amor faz bem ou não, se não fizer bem, não é amor. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência.
O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta.

Um bom amor aos que já têm!
Um bom encontro aos que procuram!
E felicidades a todos nós!

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Desconstruindo inverdades, pelo direito de resposta!




Eu prometi a mim mesma que não comentaria sobre a crônica publicada na revista Playboy sobre os atrativos de Natal, que, de forma infeliz, descreve a mulher natalense como uma completa e verdadeira vadia. Eu acho que comentar é dar ibope a um lixo desses, mas não me aguentei. Em homenagem ao ministro Joaquim Barbosa: eu até que gosto de chafurdar na lama de vez em quando.
Há uma gritante, injusta e errônea generalização a respeito de nós e de nosso comportamento, isto não pode ficar assim. As pessoas já têm uma imagem errada sobre as nordestinas e natalenses, imaginem com um texto desses? O que ele pretende, além de denegrir a imagem da natalense Brasil a fora? Promover o sexo turismo???
O cara começa dizendo que o verão dura 12 meses – mentira, aqui chove pelo menos 03 meses por ano – e que por isso os “shortinhos, topzinhos e biquininhos são onipresentes”. Cara, eu sou natalense e raramente uso shorts e quando os uso não são 'inhos' – prefiro vestidos, só coloco top por baixo de camiseta usada para caminhar e odeio biquininho. Vai ver não sou natalense, como declara minha certidão de nascimento!
Calma, é só o começo.
Ele segue dizendo que “(quase) todo dia elas se refestelam na areia, fritam sob o astro-rei”. Eu pergunto, quem são essas desocupadas que vão à praia (quase) todo dia? Eu só consigo ir 2 ou 3 vezes por ano e olhe lá, quando estou a fim de ficar vermelha e tenho nada melhor para fazer, já que não sou fã de fritar no sol. Sou como a maioria das natalenses que conheço: praia não é muito a minha praia. Juro, estou começando a achar que meu registro é falso. Será que fui adotada?
Ele ousou dizer que as mulheres que vêm de fora incorporam o jeito de ser das nativas. Gente... Quando eu li essa parte dei uma sonora gargalhada! É sério isso? São elas que passam a se comportar como nós ou é o inverso? Porque, a título de ilustração, até quando me lembro, o topless é coisa de turista estrangeira e o fio dental só teve adesão de algumas natalenses após o estouro do turismo, lá pelos anos 2000, quando as outras vieram para cá encher as areias de nossas praias com seus bumbuns de fora. Até hoje não aderi ao topless, nem ao fio dental. Eu acho, mas só acho que ele confundiu turista e emigrante com nativa.
O dito cujo segue afirmando “mulher aqui trata homem como produto em liquidação. Ela se aproxima, olha a embalagem e, mesmo sem gostar muito, diz a si mesma: “Vou levar. Vai que acaba…””. Numa boa? O homem que se deixa tratar como produto de liquidação não vale nada mesmo, é pior que canalha, se é que isso é possível. Do mesmo jeito que não aceito ser tratada como um pedaço de carne, também não vejo ninguém como artigo em prateleira. Mas essa sou eu, vai ver sou muito chata, careta, vai ver sou de outro mundo.
Eu queria ver o tipo de mulher que ele conheceu e que inspirou o texto, juro! Que fique bem claro: ver, não conhecer. Eu sei que existe mulher para tudo e de todo jeito em qualquer lugar do mundo, por que aqui seria tão diferente? Isto não significa que todas (ou a maioria) sejam da forma que ele nos descreve: depósitos de pecados, delicinhas, atiradas, que abordam sem deixar espaço para mal-entendido, potrancas siliconadas, acessíveis o bastante, de seios e bundinhas empinadas. Preciso mesmo dizer 'ou seja, vadias'?
Sabem o que eu acho sobre o autor e todos aqueles que falam e pensam do mesmo jeito dele? São uns coitados! E quando eles levam fora ou chifre de uma natalense? Eu acho é pouco. Ah, já está bom, ele já levou 10 minutos de meu tempo – o tempo que dispensei para escrever este texto.
O autor pode até ter instigado um bando de marmanjos a vir aqui tirar a prova dos 9 (e quebrar a cara bonito), mas o mais importante é que ele se queimou total perante as natalenses, deixando-as indignadas, afinal, aqui há muitas mulheres completamente diferentes da descrição feita por ele. Vem cá, Márcio Nazianzeno, mostra a sua cara diante de uma natalense de verdade.
Só li a tal crônica porque várias amigas e conhecidas divulgaram. Ao terminar de ler, e após controlar o riso das asneiras lá postas, eu quase sofri uma crise existencial, só que não! Hahaha Não me identifiquei em nada, comecei a duvidar do que declaram meus documentos, comecei a achar que minhas memórias foram alteradas, comecei a me questionar “será que sou mesmo natalense ou sou um et?”. Mas enfim, esta é a primeira e última vez que me manifesto sobre o assunto, é o meu direito de resposta. Não vou dar mais ibope, sei que próxima semana o assunto será outro e logo esta crônica infeliz cairá no ostracismo, como merece tudo aquilo que não presta.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Por que o amor?


- Por que você ainda está solteira?
- Porque não estou apaixonada por ninguém.
- Ah para, eu tô falando sério.
- Eu também. Eu quero amar e ser amada, quero o suor frio nas mãos, as pernas bambas e o coração disparado. Eu quero o amor que Camões declamou, sabe? O fogo que arde sem se ver, o contentamento descontente, a dor que desatina sem doer, a contradição que é o amor.


Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo amor?

Luís de Camões

Quem é amigo?


Para mim amigo, aliás, amigo de verdade é a família que escolhemos, é o amor não carnal, é alguém em quem se pode confiar, com quem se pode rir e chorar, cair e levantar, concordar quando certo e discordar quando errado, é aquele que pede para você falar o que ele precisa ouvir, não o que ele quer ouvir e não abala a amizade por causa disto, é a pessoa com a qual você sabe que não precisa pisar em ovos, é alguém com quem você sempre quer e pode dividir os acontecimentos.
Mas muita gente acha que amigo deve somente concordar, não deve trazer problemas e serve apenas para sair e se divertir.
Acontece!
Eu poderia dizer que lamento, mas não, eu não lamento, eu simplesmente me afasto deste e aperto o laço com aquele.
Meio amigo não é amigo, é, no máximo, conhecido.
Não existe amizade pela metade, do mesmo jeito que não existe meio amor ou meio família.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

13 ACIMA DE TUDO O AMOR

 
"1 Ainda que eu falasse línguas,
as dos homens e dos anjos,
se eu não tivesse o amor,
seria como sino ruidoso
ou como címbalo estridente.
2 Ainda que eu tivesse o dom da profecia,
o conhecimento de todos os mistérios
e de toda a ciência;
ainda que eu tivesse toda a fé,
a ponto de transportar montanhas,
se não tivesse o amor,
eu não seria nada.
3 Ainda que eu distribuísse
todos os meus bens aos famintos,
ainda que entregasse
o meu corpo às chamas,
se não tivesse o amor,
nada disso me adiantaria.
4 O amor é paciente,
o amor é prestativo,
não é invejoso, não se ostenta,
não se incha de orgulho.
5 Nada faz de inconveniente,
não procura seu próprio interesse,
não se irrita, não guarda rancor.
6 Não se alegra com a injustiça,
mas se regozija com a verdade.
7 Tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.
8 O amor jamais passará.
As profecias desaparecerão,
as línguas cessarão,
a ciência também desaparecerá.
9 Pois o nosso conhecimento é limitado;
limitada é também a nossa profecia.
10 Mas, quando vier a perfeição,
desaparecerá o que é limitado.
11 Quando eu era criança,
falava como criança,
pensava como criança,
raciocinava como criança.
Depois me tornei adulto,
deixei o que era próprio de criança.
12 Agora vemos como em espelho
e de maneira confusa;
mas depois veremos face a face.
Agora o meu conhecimento é limitado,
mas depois conhecerei como sou conhecido.
13 Agora, portanto, permanecem estas três coisas:
a fé, a esperança e o amor.
A maior delas, porém, é o amor."
[I Coríntios 13, 1-13]

Sabem aquelas palavras que você precisava escutar e refletir a respeito? Pois é.

Só de ti



>> de Ana Penetra

Tu não me conheces. Tal como eu não te conheço. Mas sei que mais cedo ou mais tarde vais aparecer. Vais tentar preencher o espaço que foi meu, vais tentar fazer com que ele se apaixone por ti. Vais querer seduzi-lo, encantá-lo... E possivelmente vais conseguir, ele vai passar a gostar de ti, a querer-te por perto e eu vou detestar-te mesmo sem te conhecer, porque vais ser tu a estar do lado do homem que amo e não eu.
E sabes porquê? Porque fui fraca, covarde, deixei-me guiar pelo escuro dos meus medos. Porque sentia um mundo dentro de mim e só consegui demonstrar-lhe uma cidade.
Sabes o que isso é? Quando queres ser feliz, mas o teu passado te persegue? Alguma vez te entregaste a alguém e ficaste de tal forma cega pelo que julgavas ser amor que te deixaste maltratar? Um maltratar contínuo que te deixou marcas, marcas essas que vais carregar contigo para sempre.
Alguma vez deixaste que alguém te fizesse pensar que não valias nada e que nunca ninguém ia gostar de ti? Eu já. Já senti na pele a dor da desilusão, da humilhação, da angústia e do vazio.
Será que também pensas que os homens são todos iguais e não valem nada? Deves pensar, hoje em dia todas as mulheres pensam, nem que seja só por uma vez. Eu pensava e afirmava mesmo: "Os homens são bons é para limpar o chão com a língua." E sabes quem mudou isso? O homem que tu vais conhecer.
Ao início, achei-o engraçado, com pinta e piada, mas também um certo mistério. Quis saber mais sobre ele, o que fazia, o que gostava, a forma como pensava e se expressava. E logo aí, nesse início, eu percebi que ele era diferente e que valia a pena conhecê-lo. À ele e àquela aura de energia positiva que emanava.
Num ápice apaixonei-me. Estás já a imaginar que te vai acontecer o mesmo, não é? De fato, ele é um homem único e irresistível. E eu nem te devia estar a contar estas coisas, mas é a verdade.
Sabes aquela sensação de que tens o coração quente e aconchegado? Não? Não te preocupes, ele vai fazer sentir-te assim. Isso e tantas coisas mais.
Mas olha, se ele for feliz contigo, eu bem cá no fundo vou ficar feliz também. Só gostava de ter tido a oportunidade de lhe dizer uma última vez como adorava vê-lo sorrir para mim, cantar para mim, adormecer de conchinha e acordar no meio da noite só para observá-lo. Como adorava as manhãs, as tardes, as noites. Receber uma simples mensagem de bom dia ou um telefonema inesperado. Os beijos, os abraços, as palavras bonitas e sentidas. Aquele olhar puro e brilhante. Como me fazia sentir bonita e desejada.
É uma lista imensa não é? Mas cada pormenor era importante e marcante, sabes? Ele cuidou de mim, escutou, aconselhou, ajudou, foi amigo e companheiro. Fez de mim uma pessoa melhor. Fez-me acreditar no amor. E isso nem tu, nem nenhuma outra que apareça vão poder mudar. Sinto a falta dele, saudades de tudo e uma enorme vontade de senti-lo perto de novo. E não, não tenho medo de dizer-te isso, afinal de contas ainda nem sequer o conheces, não é?
Mas nem vou falar-te mais nele, vou guardar o resto da imensidão do meu sentimento para mim. E tu, espera até o conheceres. Se ele não chegar tão cedo e conheceres outro homem, não tenhas medo. Tenta viver sem pensar no passado ou no futuro. Sê cautelosa, claro, não te jogues logo de cabeça. Mas acredita que ainda existem bons homens por aí.
E o mais importante: Nunca guardes aquilo que sentes. Diz-lhe, mesmo que não fiquem juntos. Mas se gostas, se gostas realmente, luta até ao fim e faz tudo o que puderes para ficar com ele. Se não conseguires falar, olha, faz como eu, escreve. Se sentes mostra. Deixa-o seguro e coloca-te segura... Não corras o risco de o perderes como eu. Porque o amor existe e é mais simples do que pensamos.