Por Vanessa Azenav
A evolução é uma coisa engraçada, ela está presente em tudo, não só na evolução física da espécie humana como também naquilo que faz parte das nossas vidas.
Foi com uma história da minha amiga Vitória que pude perceber as fases na evolução de um relacionamento. Antigamente as mulheres eram praticamente prometidas para seus futuros maridos, eram casamentos arranjados pela família, que, em alguns casos, o casal nem chegava a namorar. Nesse tempo, o noivado e o casamento eram as 2 fases distintas e necessárias para que duas pessoas começassem uma vida a dois.
Com o tempo, os casamentos continuaram sendo arranjados, mas pelo menos os casais passaram a namorar e se conhecer melhor. Embora fosse aquele namoro de mãos dadas e sentado no sofá da casa na frente dos pais, às vezes ainda rolava um beijinho, outros casais até conseguiam escapar e ganhar algo mais. Nesse tempo já temos 3 fases distintas: o namoro, o noivado e o casamento. Essas três fases permaneceram durante muito tempo como as únicas fases nos relacionamentos.
Porém, ocorreu que as pessoas começaram a querer “experimentar” ou fazer um “test drive” nas outras pessoas antes de realmente assumir um compromisso, pois namorar era o primeiro passo para que os casais viessem a noivar para se casar. Diante disto, surgiu o “fica”, o fica consiste em conhecer alguém, sentir atração por esse alguém e agir como um casal que namora, mas tudo isso com um prazo de validade de uma noite, às vezes até só uma hora ou menos. A vantagem do fica é o fato de você estar disponível para ficar com outras pessoas sem a culpa da traição e sem ter que dar explicações para onde vai e com quem vai. Quando o fica vai bem, o casal vai ficando até decidir começar um namoro. Nesse tempo surgem 4 fases distintas: o fica, o namoro, o noivado e o casamento.
Com o passar do tempo, tornou-se comum que as pessoas ficassem, depois namorassem, depois noivassem e finalmente casassem. Contudo, o casamento era algo que necessitava dinheiro, e alguns tinham a pressa de querer se conhecer no dia-a-dia. Passaram então a simplesmente morar juntos, ou seja, passaram a se amancebar, tendo assim uma amostra de como seria a vida a dois caso resolvessem se casar. Ao se conquistar uma condição financeira boa estes se casam, ou não. Observem que agora são 5 fases distintas: o fica, o namoro, o noivado, o amancebamento e o casamento.
Sinceramente, com tantas fases criadas durante todo esse tempo, eu não achei que pudessem criar uma nova fase. Vitória vivenciou essa nova fase, cujo o criador a denominou de “ficar direitinho”. Ela já vinha ficando com um cara fazia algum tempo, naturalmente, e é o que chamo de “evolução nos relacionamentos”, eles começaram a tocar em assuntos que envolviam a fase do namoro. Um dia ele disse:
- Então, eu gosto muito de você e tal. A gente bem que podia “ficar direitinho”.
- E o que é ficar direitinho pra você?
- Ficar direitinho é namorar.
Pois bem, um dia eles acabaram decidindo:
- Vamos ficar direitinho então.
Ela, muito discreta, contou somente para os amigos mais próximos que estava namorando. Alguns dias depois ela me disse que algo muito estranho havia acontecido. Vitória havia deixado de ir para uma festa por algum motivo pelo qual não lembro mais, no entanto suas amigas e seu namorado foram. Quando elas se encontraram com ele perguntaram:
- Cadê tua namorada?
- Namorada?
- É, você não tá namorando?
- Não, não tô não.
A amiga de Vitória, achando estranho o diálogo, disse:
- Vem cá, você não viu a Vitória sexta, sábado e domingo?
- Vi sim.
- Pra mim isso é namorar.
A história acabou chegando aos ouvidos de Vitória, o que fez com que ela começasse a agir de maneira estranha com seu “namorado”. Ele passou a noite tentando descobrir porque ela estava esquisita, e ela, que simplesmente odeia coisas mal resolvidas, contou a história que havia escutado de suas amigas. Logo em seguida, perguntou:
- Eu não tô entendendo, pra mim você diz uma coisa e para os outros diz outra. Você disse que queria ficar direitinho e eu aceitei, agora diz por aí que a gente não tá namorando.
- Ah, é que ficar direitinho é continuar ficando, mas só eu e você, sem ficar com mais ninguém.
- Não existe isso, é sem sentido, ou você fica ou você namora. Ficar você é livre pra ficar com quem quiser e fazer o que quiser, namorar já é algo sério e fiel, sem mais ninguém. Sendo assim, qual é a vantagem de ficar direitinho?
Confesso que na hora em que Vitória me contou a história eu pensei exatamente a mesma coisa que ela. Concluí que como antigamente a palavra “casamento” pesava na cabeça deles, hoje em dia é a palavra “namoro” que pesa e dá sentimento de prisão temporária.
Ela continuou:
- E além disso, o que você disse que era ficar direitinho pra mim?
- Disse que era namorar.
- Sendo assim, você acha que eu acreditava que estávamos o quê?
Ou seja, o cara queria namorar com ela, mas no final das contas pareceu que era ela quem queria namorar com ele e saiu espalhando isso para as pessoas. Imaginem o quanto ela não ficou chateada, principalmente porque a Vitória é do tipo que odeia que as pessoas pensem algo dela que não seja realmente aquilo que ela pretendia.
Atualmente, Vitória está na fase do namoro com ele, apesar desse desentendimento, o fica direitinho acabou servindo para eles finalmente decidirem o que ambos queriam.
Nós, como jovens modernos que somos, fiquemos por dentro das 6 fases distintas de um relacionamento do nosso tempo: o fica, o fica direitinho, o namoro, o noivado, o amancebamento e o casamento.
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Eu amei o texto e precisava reproduzi-lo, pois recentemente passei pela mesma situação.
A diferença está no final da história, no meu caso, a evolução parou e eu parti para o próximo.
2 comentários:
Olá Ana!
Sou Vanessa Assenav, autora do blog Meu Sopro. Fiquei muito feliz ao saber que você gostou da minha história, e principalmente pelo fato de você ter publicado e colocado a referência do meu blog, pois tenho visto alguns plágios dos meus textos em alguns sites.
Estou dando uma lida no seu blog, me parece interessante também. Quem sabe não mantemos contato e trocamos figurinhas?
Abraços
Olá Vanessa, que bom que gostou.
Acho justo reproduzir um texto de outra pessoa e colocar a referência.
Algumas vezes um texto me inspira e escrevo baseado nele, outras não há palavras melhores, então, reproduzo e indico.
Seja sempre bem vinda.
Abraços.
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