sexta-feira, 18 de julho de 2008

IMPACIÊNCIA


Diz o dicionário que paciência é a capacidade de suportar incômodos e dificuldades de toda ordem, a qualquer hora, em qualquer lugar.
Dessa forma, sendo antônimo, temos que impaciência é a incapacidade de lidar com situações desagradáveis e desgastantes, com a calma necessária.
Peguei-me pensando: por quanto tempo mais terei paciência com as coisas da vida???
A impaciência vem tomando conta de mim, lentamente. Cada dia que passa, fico mais angustiada. Sou inundada pela intolerância, mais e mais...
O que fazer? Como dar um basta a isso?
Não! A pergunta correta é: será que quero mesmo pôr um ponto final nisso?
Enfim, o que você faria?
Desapareceria?
Tiraria férias?
‘Chutaria o pau da barraca’?
Faria tudo isso junto?
É complicado...
Pois sequer consigo ter um único pensamento continuado e completo.
Estou cansada, vivo no limite e começo a ficar desatenta. Mas o que fazer?
O desespero toma conta, com mais intensidade que a impaciência.
Impaciência. Paciência. Ciência. Ência. Cia. A...
Afinal, o dia termina. Vem a noite! A cabeça esvazia, some o peso dos ombros, um fio de felicidade reaparece e o esquecimento se torna um alento.
Suspiros...
De repente me dou conta que é tudo tão momentâneo, tão passageiro.
O desespero volta. O que fazer???
Felicidade, lágrimas; paz, tormenta; sossego, aperto no peito. Enfim, silêncio!
Há cadência de sentimentos e de atos. Repentinamente, tudo se entrelaça e sufoca.
Tudo vem junto, inundando, causando dor e sofrimento. Faz pensar e repensar. Mas também faz sorrir.
Coisa doída, não? Ou seria doida?
Pra mim, só funciona assim!


Estava escrevendo sobre impaciência, mas bem que podia ser sobre imperfeição...

“Eles estavam livres
Da perfeição que só fazia estragos”

Nando Reis – A Minha Gratidão É Uma Pessoa

“A imperfeição dos nossos sentidos faz com que não concordemos em absoluto sobre um objeto ou um fato do exterior.”
Fernando Pessoa, in ‘Ricardo Reis – Prosa’

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