quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Nua


Estive pensando na capacidade das pessoas em se expor e, ao mesmo tempo, em ficar irritadas e tentar se esconder. Enchem a boca e gritam aos 4 cantos que são transparentes, que suas vidas são como um livro aberto, porém ficam indignadas quando estranhos, que foram implícita e tacitamente convidados, tentam entrar em suas intimidades. Mas afinal, a vida é ou não é aberta?


A minha não é, nunca disse a seu ninguém que era, até porque tenho uma dificuldade enorme de mostrar o que sinto. Aliás, o que permito que saibam, sabem por minha própria boca (ou mãos).


Às vezes mudo de idéia sobre o que julgo ser íntimo demais para ser mostrado, então venho aqui e me dispo. Dá uma sensação boa, parece que tirei um peso das costas ou que solucionei um problema. Sabe, aquela sensação gostosa de alívio, de missão cumprida? E sim, este é um momento que vim me despir.


Andei tão angustiada nos últimos meses que não conseguia enxergar o que estava bem em minha frente. Cara, é tão bom quando finalmente 'cai a ficha' de que você é livre para fazer o que te dá vontade, que 'dar a cara a tapa' não significa ser burra ou persistir em um erro, que 'dar murro em ponta de faca' faz parte, que não ter sempre razão ou não ser sempre racional nos faz vivenciar boas experiências também.


Por vezes, muitas vezes, pensei que era uma pessoa insensível, individualista e egoísta, mas não é verdade, estou longe de ser  tudo isso. Se sou como sou, se me comporto como me comporto é porque minha personalidade é esta, nua e crua, gostem ou não. Sofro de 'sincerocídio', digo o que penso, e por falar as coisas na cara, abro margem para que pensem errado a meu respeito.


Quer saber? Não me importo. Posso falar milhões de coisas a meu favor e tomar todas as atitudes socialmente certas (aceitáveis) e ainda assim irão me julgar como bem quiserem. Então, para que dar tanta importância a isso, se não posso alterar mesmo? Dane-se, é isso mesmo, DANE-SE! Sou mais eu.


Sempre que alguém começa a se afeiçoar a mim, vou lá e digo: "olha, sou chata, mandona, orgulhosa, estourada, exigente, perfeccionista, briguenta, blá blá blá..." Se a pessoa insiste em me ver de outra forma, problema exclusivamente dela, não menti, não omiti, não fiz papel de perfeita, depois, quando começar a enxergar todos esses defeitos, não venha me dizer que mudei. Mudei coisa alguma, você que não me ouviu, paciência, aprenda a lidar com isso ou caia fora.


A palavra de ordem (e da moda) é 'máscara'! Deve ser pela proximidade com o carnaval, eu acho. Todo ano é a mesma ladainha no BBB de que "máscaras vão cair". Quem não veste e despe máscaras diariamente que levante o dedo e atire a 1ª pedra! Vamos ser sinceros? Essa pessoa não existe.


Moldar-se às exigências sociais e transitar por vários campos com comportamentos distintos nada mais é que vestir uma máscara, para ficar mais agradável aos olhos de quem vê e conseguir atingir os objetivos pretendidos. Errado? Não, é o jogo da vida, só não joga quem já morreu.


Sempre digo àqueles que me procuram pedindo conselho: "posso te mostrar o caminho que EU julgo melhor, mas a escolha em segui-lo é só sua, aliás, se ele vai ser realmente um bom caminho pra você, também só depende de você, do que você quer pra si mesmo, o que você acredita que merece". Ahh como são tolas as pessoas, muitas vezes elas acreditam que merecem menos do que realmente merecem, e pior, acham que isso é merecer o mais!


O que pretendo com tudo isso? Ué, nada demais, apenas despir alguns de meus sentimentos que estavam guardados. Para quem está de fora, pouco atento, minhas idéias podem parecer desconexas, mas não o são, acreditem, cada paragráfo foi escrito pensando no que já havia sido posto.


E digo mais, só vou até aqui, pois é o que me interessa lhes mostrar. Eu sei que é praticamente apenas uma pontinha do pé, mas ao invés de reclamar, porque não vem se deliciar? (e aguardar o momento de ver o tornozelo?)

Um comentário:

Patricia disse...

Gostei muito do texto!!!Adoro quando você deixa as coisas nas entrelinhas!!