quinta-feira, 11 de abril de 2013

Desconstruindo inverdades, pelo direito de resposta!




Eu prometi a mim mesma que não comentaria sobre a crônica publicada na revista Playboy sobre os atrativos de Natal, que, de forma infeliz, descreve a mulher natalense como uma completa e verdadeira vadia. Eu acho que comentar é dar ibope a um lixo desses, mas não me aguentei. Em homenagem ao ministro Joaquim Barbosa: eu até que gosto de chafurdar na lama de vez em quando.
Há uma gritante, injusta e errônea generalização a respeito de nós e de nosso comportamento, isto não pode ficar assim. As pessoas já têm uma imagem errada sobre as nordestinas e natalenses, imaginem com um texto desses? O que ele pretende, além de denegrir a imagem da natalense Brasil a fora? Promover o sexo turismo???
O cara começa dizendo que o verão dura 12 meses – mentira, aqui chove pelo menos 03 meses por ano – e que por isso os “shortinhos, topzinhos e biquininhos são onipresentes”. Cara, eu sou natalense e raramente uso shorts e quando os uso não são 'inhos' – prefiro vestidos, só coloco top por baixo de camiseta usada para caminhar e odeio biquininho. Vai ver não sou natalense, como declara minha certidão de nascimento!
Calma, é só o começo.
Ele segue dizendo que “(quase) todo dia elas se refestelam na areia, fritam sob o astro-rei”. Eu pergunto, quem são essas desocupadas que vão à praia (quase) todo dia? Eu só consigo ir 2 ou 3 vezes por ano e olhe lá, quando estou a fim de ficar vermelha e tenho nada melhor para fazer, já que não sou fã de fritar no sol. Sou como a maioria das natalenses que conheço: praia não é muito a minha praia. Juro, estou começando a achar que meu registro é falso. Será que fui adotada?
Ele ousou dizer que as mulheres que vêm de fora incorporam o jeito de ser das nativas. Gente... Quando eu li essa parte dei uma sonora gargalhada! É sério isso? São elas que passam a se comportar como nós ou é o inverso? Porque, a título de ilustração, até quando me lembro, o topless é coisa de turista estrangeira e o fio dental só teve adesão de algumas natalenses após o estouro do turismo, lá pelos anos 2000, quando as outras vieram para cá encher as areias de nossas praias com seus bumbuns de fora. Até hoje não aderi ao topless, nem ao fio dental. Eu acho, mas só acho que ele confundiu turista e emigrante com nativa.
O dito cujo segue afirmando “mulher aqui trata homem como produto em liquidação. Ela se aproxima, olha a embalagem e, mesmo sem gostar muito, diz a si mesma: “Vou levar. Vai que acaba…””. Numa boa? O homem que se deixa tratar como produto de liquidação não vale nada mesmo, é pior que canalha, se é que isso é possível. Do mesmo jeito que não aceito ser tratada como um pedaço de carne, também não vejo ninguém como artigo em prateleira. Mas essa sou eu, vai ver sou muito chata, careta, vai ver sou de outro mundo.
Eu queria ver o tipo de mulher que ele conheceu e que inspirou o texto, juro! Que fique bem claro: ver, não conhecer. Eu sei que existe mulher para tudo e de todo jeito em qualquer lugar do mundo, por que aqui seria tão diferente? Isto não significa que todas (ou a maioria) sejam da forma que ele nos descreve: depósitos de pecados, delicinhas, atiradas, que abordam sem deixar espaço para mal-entendido, potrancas siliconadas, acessíveis o bastante, de seios e bundinhas empinadas. Preciso mesmo dizer 'ou seja, vadias'?
Sabem o que eu acho sobre o autor e todos aqueles que falam e pensam do mesmo jeito dele? São uns coitados! E quando eles levam fora ou chifre de uma natalense? Eu acho é pouco. Ah, já está bom, ele já levou 10 minutos de meu tempo – o tempo que dispensei para escrever este texto.
O autor pode até ter instigado um bando de marmanjos a vir aqui tirar a prova dos 9 (e quebrar a cara bonito), mas o mais importante é que ele se queimou total perante as natalenses, deixando-as indignadas, afinal, aqui há muitas mulheres completamente diferentes da descrição feita por ele. Vem cá, Márcio Nazianzeno, mostra a sua cara diante de uma natalense de verdade.
Só li a tal crônica porque várias amigas e conhecidas divulgaram. Ao terminar de ler, e após controlar o riso das asneiras lá postas, eu quase sofri uma crise existencial, só que não! Hahaha Não me identifiquei em nada, comecei a duvidar do que declaram meus documentos, comecei a achar que minhas memórias foram alteradas, comecei a me questionar “será que sou mesmo natalense ou sou um et?”. Mas enfim, esta é a primeira e última vez que me manifesto sobre o assunto, é o meu direito de resposta. Não vou dar mais ibope, sei que próxima semana o assunto será outro e logo esta crônica infeliz cairá no ostracismo, como merece tudo aquilo que não presta.

2 comentários:

Isabel Tereza disse...

Belíssima crônica, prima! Até achei que fosse minha!! rsrs É isso aí, mesmo, muito bem "dizido", com todas as respostas que nós, mulheres natalenses, potiguares, nordestinas, diríamos, ou diremos, caso nos confrontemos com algum asno que venha rinchar e dar coice em terras de Poti! Abraçosss

Ana disse...

Obrigada, prima. Às vezes é preciso sair da zona do conforto e expor o que se pensa. Às vezes quem fala ou escreve o que não deve, escuta ou lê o que não quer.