segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Mulher moderna?


Fim de semana passado, ouvi uma música da Madonna que me fez escrever este texto. A canção? Depois digo qual é.
Analisando friamente, é muito difícil ser mulher, e pior ainda é ser mulher moderna. O mundo no qual vivemos não nos acompanha. A mulher, especialmente seu comportamento, é sempre motivo de críticas, piadinhas de mau gosto e preocupações, cada um com seu ponto de vista.
Parece brincadeira, daquela que passa 1000 vezes por nossa caixa de mensagens, contudo é a mais pura verdade: mulher quando se dedica, é fraca; quando se mostra independente, é egoísta. Por que somos assunto constante nas bocas femininas e masculinas? Por que, afinal, somos tão incompreendidas? Ah, não sei.
Então onde quero chegar com isso? Sexo. Eis o tema que abordarei. Vejamos...
O homem tem quase uma obrigação de perder a virgindade durante a adolescência, enquanto a mulher deve se manter “pura” o máximo de tempo possível. Só não sabemos quanto tempo seria esse, em outra época era até o casamento, hoje não há como precisar. Por outro lado, se a mulher conta com 25 anos ou mais, os homens esperam que ela já tenha feito sexo com alguém, e mais, que o faça com todos com quem venha a ficar. Patético, não?
Ouvi, certa vez, que é obrigação do homem tentar levar a mulher pra cama, mesmo que seja o 1º encontro, e o que vier depois só depende da atitude que ela vai tomar. Acho tão bonito quando os homens fazem o discurso de que a mulher transar no 1º encontro não tem nada demais. Porém, sabemos bem que a grande maioria (sim, estou generalizando mesmo) não procura essa mesma mulher depois, não importa quem ela é, se deu, já era. Muita hipocrisia! Falso modernismo.
A partir daí, surgem dois grandes dilemas vividos pela mulher. Quando perder a virgindade? Transar ou não no 1º encontro?
Penso como boa parte das mulheres. A 1ª vez tem que ser especial, não é pra ser com qualquer um, mas com “o” cara! Ele pode nem ser o amor da sua vida, aquele com quem você vai passar o resto da vida (isso me lembra algo que escreverei em outra ocasião), mas, naquele momento, ELE É O CARA!
Tive curiosidade e até tesão por alguns homens antes do meu 1º. Mas por que não aconteceu? Porque não eram eles. Não me sentia a vontade, não me sentia especial. Várias amigas haviam me contado como havia sido a 1ª vez delas, falavam que doía, que tiveram dificuldade de ir até o fim, que ficaram envergonhadas, etc e tal, isso me fez segurar um pouco mais, entretanto, tive um namorado com quem me senti segura e fui lá conferir. Foi ótimo, tudo perfeito e não passei por nada que já havia escutado. Detalhe, eu tinha 24 anos.
Não digo que exista idade certa para fazer sexo pela 1ª vez, porém, afirmo que o momento certo existe. Espere até se sentir preparada. O mesmo vale pros homens, chega de se entregar às pressões bestas. Não é o pai, a mãe ou os amigos que sabem quando deve acontecer, mas você, só você! Você aí, que ainda é virgem, não transe porque todo mundo ao seu redor está fazendo, esse momento é seu, espere o tempo necessário.
Para o homem, normalmente, o dilema acaba quando perde a virgindade. Dificilmente ele será alvo de pressão ou de piada. Perdeu, fica subentendido que vai fazer muito sexo, ninguém fica perguntando e também ninguém vai julgá-lo se quiser transar no 1º encontro, é um ato natural.
Contudo com a mulher é totalmente diferente! Ela deixa de vivenciar o dilema da perda da virgindade: encaixar-se no mundo dos sexualmente ativos x agradar os pais; e passa ao dilema de transar com os caras com quem ficar, especialmente de transar no 1º encontro. Por que isso é tão angustiante? Temos medo de ficar com o estigma de fácil. Sejamos sinceros, acontece demais.
Ele pensa: “se ela fez comigo, faz com todos”. Algumas vezes, é verdade, outras não. E daí se a mulher faz sexo no 1º encontro? Somos humanas, do mesmo jeito que os homens sentem desejo, nós também sentimos. Por que o homem pode e a mulher não? Se vocês querem tanto que digamos não, por que nos tentam? Falar que a mulher pode, e esperar que não faça é muita sacanagem.
É fato que os homens querem “ganhar” a noite, mas, ao mesmo tempo, julgam nossas atitudes. É certo que não ser virgem, não significa sair transando com todo cara que aparecer, você tem o direito de escolher, de dizer NÃO; e, por favor, homens, não perguntem se somos virgens, é ridículo responder a isto, como diriam os ingleses “it isn’t your bussiness”.
Agora vem a maior lição. Você, mulher adulta, segura e independente, ao sentir muito desejo por alguém que acabou de conhecer, entenda que não há pecado, imoralidade ou crime algum em se propiciar momentos de satisfação. Dane-se se ele não vai ligar no dia seguinte. Dane-se se ele vai julgar errado. Pense que a vida é uma só e não há espaço para arrependimentos. Aliás, quem perde é ele, perde de conhecer alguém tão interessante como você, e por puro e bobo preconceito.
Fácil? De entender, sim. De colocar em prática, nem tanto. Hoje você até pode aguentar não receber a ligação daquele carinha que conheceu, mas com o próximo pode não se sentir do mesmo jeito. Mais uma vez, cabe a você saber até onde ir, o que vai suportar. Não se dê um fardo maior que aquele que possa carregar.
E vocês, homens, façam o favor de parar de dizer que somos complicadas. Nossa caminhada é muito mais pesada que a de vocês, pois não somos julgadas somente por vocês, mas por nós mesmas. Temos que matar um leão diariamente, algumas vezes, mais de um leão por dia!
Quase esqueço, a música é “What it feels like for a girl”.

4 comentários:

Patricia disse...

Dessa história toda eu acho que o mais difícil é identificar realmente quem seja "O CARA"... Acredito que não tenha uma receita de bolo para tal... é questão de feeling. Belo texto!

Unknown disse...

Nossa, o homem sai muito mal dessa analise! Pelo visto ele nao tem nenhuma boa qualidade comparado a mulher. Devo dizer que se um homem escrevesse nos mesmos termos negativos sobre as mulheres ele seria tratado de machista, chovinista, sexista, etc etc. Mas quando a mulher faz isso ela é aplaudida como perceptiva, inteligente e profunda.

Could this be a case of double standards? :)

Ana disse...

Chris, acho que mereço me defender. Veja bem, não critiquei os homens, e sim falei das dificuldades, especialmente sociais, que nós mulheres enfrentamos com relação à vivência da sexualidade. Minha intenção é dizer às mulheres que não nos deixemos levar por falsos moralismos. O único comparativo com o homem está no tocante que as cobranças em cima de vocês são infinatamente menores que aquelas vividas pelas mulheres. E nisso acredito que concordamos, ou não?

Unknown disse...

Hmmmm... eu poderia escrever tantas e tantas coisas sobre as cobranças em cima de nos homens mas nao vou fazer isso, apenas vamos concordar a discordar (agree to disagree) e respeitar as opinioes alheias.

Mas deixando isso de lado, estou gostando de suas postagens, vc escreve bem, aborda assuntos interessantes, e dá materia pra pensar (e me ajuda com meu portugues!).

Continue o bom trabalho!