Todos os dias, deparamo-nos com mensagens, em jornais, revistas, publicações periódicas e até na internet, de pessoas à procura da pessoa certa, de alguém que lhe traga um pouco mais de felicidade. Todos eles, cada um a sua maneira, anseiam encontrar a ‘cara metade’, ou, como se costuma dizer, a pessoa certa.
Luis Fernando Veríssimo escreveu certa vez que, se pensarmos bem, na verdade, não existe uma pessoa certa para cada um de nós, mas existe uma pessoa que é, na realidade, a pessoa errada. A pessoa certa faz tudo certinho o tempo todo e nem sempre precisamos disso, e é aí que passamos a valorizar a pessoa errada, aquela por quem perdemos a cabeça e fazemos as maiores e mais maravilhosas ‘loucuras’ de amor.
Nas palavras de Fernando Pessoa: “nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a idéia que fazemos de alguém. É um conceito nosso – em suma, é a nós mesmos – que amamos”.
Não podemos esquecer que nessa busca pela pessoa certa, a maioria de nós não vive a vida, mas a deixa passar, pois esta procura é vazia em seu conteúdo. Namorar e experimentar novos relacionamentos é bom, mas de tanto procurar, acabamos cansados e, porque não dizer, machucados.
Mas, então, porque continuamos a procurar? Porque adoramos a perfeição! “Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter, repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é o desumano, porque o humano é imperfeito”. (Fernando Pessoa ou Bernardo Soares in Livro do Desassossego)
A pessoa errada humaniza a relação, pois ela nos faz perder a cabeça; com ela a entrega é mais intensa e verdadeira; ela nos faz chorar e, ao mesmo tempo, enxuga nossas lágrimas; ela pode não estar sempre presente, mas vai estar sempre esperando por nós.
Agora, você começa a se perguntar: por qual razão ainda não conheci essa pessoa? Ora bolas, porque queremos tudo com muita avidez e não damos espaço para a felicidade chegar e se instalar de mansinho... O caminho que nos levará a felicidade não começa nas outras pessoas, mas em nós mesmos. E como disse Érico Veríssimo, “felicidade é a certeza de que a nossa vida não está passando inutilmente”. Se você souber ‘usar’ a vida, certamente encontrará sua pessoa errada.
A dita pessoa certa aparece facilmente, mas a pessoa errada não, essa é bem mais difícil, pois a vida coloca muitos obstáculos entre você e essa pessoa. Encontrá-la é uma benção, mas antes disso, é uma grande conquista! Se a nossa felicidade depende de encontrar a pessoa errada, então, vamos a luta sem medo, pois a vida não espera. Não devemos ter medo de errar, na tentativa de acertar.
“Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. O romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.” (Luis Fernando Veríssimo)
Também não devemos ‘escolher’ alguém esperando que ele mude para nos agradar; se você não consegue ser feliz com a pessoa do jeito que ela é agora, também não o será no futuro. Quando agimos assim, estamos nos enganando, pois as pessoas são diferentes e devemos aprender a aceitar as diferenças, de forma que consigamos nos acrescentar e complementar.
Quem opta por dividir a vida com a pessoa errada, escolhe não partilhar sempre das mesmas metas e prioridades, desiste de encontrar seu alter-ego e esquece dessa estória de ‘alma gêmea’, mas acima de tudo, opta por trilhar o caminho do RESPEITO, da ADMIRAÇÃO e da CONFIANÇA.
Aaah, não esqueça, você pode escolher dividir a vida com uma pessoa errada, mas você não pode escolher a pessoa errada. Ela aparece do nada e, sem percebermos, passamos a segui-la como se mais nada existisse e sem nunca sequer questionar se é a pessoa certa ou a errada. Ela simplesmente é!