Por Luís Fernando
Veríssimo
Acho a maior graça.
Tomate previne isso,
cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um
cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool
é nocivo, tome água em abundância, mas não exagere.
Diante desta profusão
de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.
Sei direitinho o que
faz bem e o que faz mal pra minha saúde.
Prazer faz muito bem.
Dormir me deixa 0km.
Ler um bom livro faz-me
sentir novo em folha.
Viajar me deixa tenso
antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco anos.
Viagens aéreas não me
incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de ideias.
Brigar me provoca
arritmia cardíaca.
Ver pessoas tendo
acessos de estupidez me embrulha o estômago.
Testemunhar gente
jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé
no ser humano.
E telejornais... Os
médicos deveriam proibir – como doem!
Caminhar faz bem,
dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está
pegando fogo faz muito bem; você exercita o autocontrole e ainda
acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.
Acordar de manhã
arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é prejudicial
à saúde.
E passar o resto do dia
sem coragem para pedir desculpas pior ainda.
Não pedir perdão
pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mussarela que
previna.
Ir ao cinema, conseguir
um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém
atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser
espetacular, uau! Cinema é melhor pra saúde do que pipoca.
Conversa é melhor do
que piada.
Exercício é melhor do
que cirurgia.
Humor é melhor do que
rancor.
Amigos são melhores do
que gente influente.
Economia é melhor do
que dívida.
Pergunta é melhor do
que dúvida.
Sonhar é melhor do que
nada.